A quatro meses da votação de 15 de novembro, o eleitor precisa saber e, principalmente, entender que tudo acerca da eleição irá girar em torno do tema do ano: a Covid-19. Ela é quem norteará a corrida ao pleito e, por tabela, os rumos dos municípios brasileiros a partir de 2021, no pós-pandemia. E ao observar localmente a disputa ao Executivo municipal, o mesmo ocorrerá por aqui. O que será de Santa Maria a partir de 1º de janeiro de 2021? Aquela velha máxima, repetida por muitos, que o município tem como tábua de salvação a "indústria do contracheque" (em referência aos salários dos servidores públicos), terá caído por terra.
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Além da situação dramática dos servidores do Executivo gaúcho, que recebem, a conta-gotas há mais de cinco anos, também existe o risco de um colapso nos pagamentos dos funcionários federais, do município e do próprio Judiciário. Ou seja, não haverá qualquer pujança "puxada" pelos salários da máquina pública.
O CENÁRIO
O que irá aguardar aquele que vencer o pleito? Uma coisa pode ser dita com toda segurança: restrição orçamentária. Ou seja, dificuldade em caixa em decorrência de uma arrecadação pífia e, sem exagero, inexistente.
A próxima gestão conseguirá, no máximo, atender o básico: pagamento da folha salarial dos servidores, honrar os compromissos com prestadores de serviços (como o recolhimento de lixo), e manter os investimentos obrigatórios no binômio saúde e educação. O resto será perfumaria.
Manter a chamada "zeladoria" em dia será muito: seguir dando sequência ao asfaltamento (na cidade), da trafegabilidade da zona rural, e, ainda, cuidar da iluminação pública.
POSSIBILIDADE
Se a escassez tende a ser regra neste pós-pandemia, onde então se pode buscar recurso? No governo estadual? Improvável, para não dizer o óbvio: impossível. Junto ao governo federal? Em parte, sim. Até porque há a possibilidade de emendas parlamentares, de linhas de financiamento, entre outros caminhos. Mas há uma situação que está caindo de maduro junto à prefeitura de Santa Maria.
Já está mais do que em tempo de o Executivo municipal se valer do sistema de câmeras de segurança - proveniente do Centro Integrado de Segurança Pública (Ciospe) - espalhadas por cerca de 150 pontos da cidade. Além da função precípua na segurança pública, o enfrentamento à bandidagem, deve-se considerar uma outra possibilidade: multar aqueles motoristas que excedem os limites de velocidade naquelas avenidas que foram, recentemente, asfaltadas.
É um dinheiro que, certamente, será expressivo e ajudará a reforçar ao caixa do município neste ano e, principalmente, a partir de 2021. Sem dizer que há também a possibilidade de as câmeras identificarem aqueles motoristas em débito com o IPVA. Ou seja, a chance de ganho é duplamente garantida. Santa Maria mais do que nunca precisará de medidas, nada simpáticas, mas efetivas. Esperamos que os gestores tenham esse entendimento.